Voz

 

A Biblioteca d'A Voz

Com o rápido crescimento da S.I.B. A Voz do Operário, as atividades a que a Sociedade se propunha a envolver extravasam a publicação do jornal, começando a entrar em muitas outras esferas de intervenção, nomeadamente social. Dentro deste enquadramento, foi criada em 1888 a Biblioteca Social de A Voz do Operário, que foi sendo aumentada progressivamente sobretudo através de doações que registam todas as grandes transformações sociais do século XX, onde se destaca a de Botto Machado, que, para além do espólio livresco, doou as estantes ornamentadas que constituem hoje um objeto de grande valor. Destacam-se ainda as doações de Rocha Martins, de Cunha Leal, de Raul Esteves dos Santos, do Ateneu Ferroviário e a da Livraria Bertrand. Nos anos 50, de realçar as doações da Universidade Popular Portuguesa e da Sociedade de Estudos Pedagógicos.

No pós-25 de Abril, a Biblioteca foi enriquecida com a doação da Biblioteca dos Operários da Companhia Ultramarina.

A Biblioteca Social é por estes motivos detentora de um vasto acervo bibliográfico e documental que tem estado fechado nos últimos 15 anos, e que contém em si um enorme potencial de mobilização social, cultural e científica, tendo recentemente sido formado um Grupo de Trabalho da Biblioteca Social de A Voz do Operário para a sua reativação, estando já em curso um processo de catalogação geral do seu espólio.

Estando de momento impossibilidade a sua utilização, A Voz do Operário pretende reabrir a sua Biblioteca Social ao público e tendo como base a preservação destes vários espólios, o objetivo final é criar uma biblioteca dos movimentos sociais. Uma biblioteca para a história dos movimentos sociais permitirá reunir fontes e bibliografia em torno da história do movimento operário e de práticas associativas e em torno do mundo do trabalho, por um lado, e fontes e bibliografia de movimentos e práticas de cooperação e mutualismo, para questões como a saúde, a educação, a alimentação e o lazer.

Dentro da vertente social da Sociedade, este projeto pretende para além de disponibilizar o acesso deste espólio a todos quanto o queiram aceder, possa igualmente servir como um polo de dinamização cultural, científica e comunitária, com capacidade de envolvimento de diversos parceiros do mundo académico, dos setores educativo e cultural e de instituições da sociedade civil. Projeta-se desta forma um espaço com uma oferta temática e programática alargada, que permita alcançar diversas audiências e que sobretudo promova a coesão e inovação social a partir de encontros de natureza intergeracional, intersetorial e intercultural.